quarta-feira, 28 de julho de 2010

PRODUTOR QUER CRÉDITO PARA VIRAR ORGÂNICO


Na próxima semana a Câmara Setorial de Agricultura Ecológica (CSAE) irá se reunir na Superintendência do Ministério da Agricultura, em São Paulo (SP) para discutir, entre outros temas, a criação de uma linha de crédito para financiar agricultores que querem fazer a chamada transição agroecológica, ou seja, produtores que atuam de forma convencional e que querem passar a produzir alimentos orgânicos, sem o uso de insumos químicos industriais."A criação dessa linha de crédito é importante para possibilitar que os agricultores, principalmente os pequenos, que estão descapitalizados, possam fazer essa transição", afirma a presidente da CSAE, Ondalva Serrano, que vê na falta de crédito uma das barreiras ao desenvolvimento da agricultura orgânica no País.Segundo Ondalva, após ser concluído, o texto da proposta vai ser encaminhado para o Fundo de Apoio à Produção (Feap) e ao Banco Nacional de Apoio à Agricultura (Banagro). Quando entrar em funcionamento, todo o processo de avaliação e validação deverá ser feito pela Cati. "O crédito só será liberado com a apresentação de um plano de trabalho complexo, com o diagnóstico preciso de todas as áreas problemáticas da propriedade, que impedem que o alimento produzido ali seja considerado orgânico."Onde gastar. De acordo com Ondalva, muitas são as ações a serem tomadas para que uma propriedade que produz dentro dos sistemas convencionais possa se enquadrar nas regras dos orgânicos. "A recuperação do solo é uma das primeiras medidas", explica. "É preciso suspender o uso de defensivos por até dois anos, dependendo da cultura."Além disso, outras medidas, que irão demandar investimento também serão necessárias, conforme explica o gerente comercial da IBD certificações, Tom Vidal. "Para ser um produtor orgânico é preciso estar em dia com todos os tipo de legislação ambiental, sanitária e trabalhista", salienta."Então, mais do que suspender o uso de defensivos, e mudar todo o pacote tecnológico da propriedade, será necessário, por exemplo, averbar a reserva legal e recuperar, se for o caso, todas as áreas de preservação permanente (APP). Dependendo do estado da propriedade isso pode custar bastante", completa o gerente.O PASSO A PASSO PARA QUE O PRODUTOR SE TRANSFORME DE CONVENCIONAL A ORGÂNICO TRANSIÇÃO 1Solo Deve passar por um processo de descontaminação que pode durar até dois anos, com a suspensão do uso de defensivos 2 Insumos Substituir adubação química pela adubação verde e fazer o controle de pragas com produtos registrados 3 Legislação ambiental O produtor deverá averbar a reserva legal e as APPs e, se necessário, fazer a recuperação dessas áreas 4 Certificação Depois de cumprir as exigências definidas por lei o produtor terá de passar pelo crivo de uma certificadora credenciada
(O Estado de São Paulo - SP - 21/07)

HORTIFRUTIS VARIAM ATÉ 86% NO CEARÁ


Os preços dos hortifrutigranjeiros comercializados na Ceasa (Centrais de Abastecimento do Ceará S/A) no primeiro semestre do ano apresentaram variação de até 86,7% em relação ao valor médio praticado nos seis primeiros meses de 2009.A líder do aumento foi a acerola (86,7%), que teve a produção da Ibiapaba e Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) reduzida devido a irregularidade das chuvas. Entre as hortaliças, a alta foi puxada pelo alho (36,8%), que precisou ser importado da Holanda, Espanha e Chile, em função da retração na produção da Argentina e das principais regiões produtoras do Brasil, como Minas Gerais, Paraná e São Paulo.As principais quedas de preços registradas no mesmo período foram lideradas pelo melão japonês (-32%) e pela abobrinha (-45,9%). O primeiro teve o custo do quilo reduzido de R$ 2,20 para R$ 1,50 em virtude do excedente das exportações ter se voltado para o mercado interno, além do aumento da produção no Baixo Acaraú. Já a abobrinha teve aumento de produção na região da Ibiapaba, deixando o mercado bem abastecido. A caixa de 20 quilos do produto caiu de R$ 29,50 para R$ 15,97.O balanço de preços dos produtos, bem como a análise dos fatores que motivaram tais variações, foram informados pelo chefe da Unidade de Informação de Mercado Agrícola da Ceasa, Odálio Girão, que atribuiu as oscilações a fatores climáticos, aumento e recuo ou diversificação da produção, além do custo com frete nas importações oriunda de mercados produtores mais distantes."No caso da acerola não houve quadro chuvoso permanente para garantir a produção. E essa é uma fruta que gosta muito de chuva. O resultado é que tivemos de trazê-la do Rio Grande do Norte. Isso elevou o quilo do produto de R$ 2,00 para R$ 3,73", justifica. O alho também teve o frete encarecido ao ser importado de mercados mais afastados. A caixa de 10 quilos, que custava em média R$ 54,38 nos seis primeiros meses de 2009, saltou para R$ 74,42 no último semestre.Impactos na feiraEntre as frutas que mais impactaram no bolso do consumidor, as maiores altas de preços ocorreram com a acerola (86,7%), a laranja pera (36%) e o mamão formosa (25%). As hortaliças que mais encareceram a salada do cearense, considerando o comparativo anual do respectivos semestres, foram o alho (36,8%), a cebola (36%) e a batata inglesa (21%).Em contrapartida, os produtos que mais contribuiram com a economia na feira de frutas foram o melão japonês (-32%), a banana (-26,9%) e a manga Tomy (-22,3%).No rol das hortaliças, ficaram mais acessíveis a abobrinha (-45,9%), o repolho verde híbrido (-41,8%), o alface (-41,5%), o pimentão (-40,7%) e a berinjela (-40,5%).Tomate muda tendênciaApesar de não estar entre as maiores variações, o tomate também ficou 7,1% mais caro no período. A caixa de 25 kg passou de R$ 38,69 para R$ 41,43. O motivo, conforme o analista da Ceasa, é que os produtores da Serra da Ibiapaba diversificaram a produção, temendo repetir o prejuízo que tiveram com o tomate no ano passado. Com a diminuição do plantio do produto, a produção caiu, impulsionando a elevação do preço. Para Odálio Girão a expectativa é que a partir desse mês de julho a situação comece a se reverter. "A tendência de agora em diante é de queda no preço do tomate. A produção da região da Ibiapaba está boa e também começa a entrar em nosso mercado muito tomate da Bahia, Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais", argumenta. Se depender das projeções, haverá fartura de tomate na mesa do cearense no segundo semestre de 2010.
(Diário do Nordeste - CE - 19/07)