terça-feira, 11 de maio de 2010

AGROTÓXICOS ILEGAIS CAUSAM PREJUÍZOS SEVEROS


Os três mil hectares cultivados com soja por um produtor do Mato Grosso, que preferiu não se identificar, foram dizimados depois que ele optou pelo uso de agrotóxicos falsificados para combater focos de ferrugem. "O prejuízo foi muito grande e ele quebrou. No entanto, prefere se manter no anonimato com medo de represálias por parte de quem vendeu o produto falsificado", diz o gerente da Campanha contra Agrotóxicos Ilegais, do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), Fernando Henrique Marini. Casos como esse se repetem a cada safra, confirmando a máxima de que o barato sai caro. Os produtos falsificados se apresentam muitas vezes como uma mistura simples de água com corante, sem nenhum tipo de aditivo químico que possa efetivamente agir sobre pragas e doenças. No caso da ferrugem, que exige prevenção, o uso de produtos falsificados pode ser catastrófico. Com relação ao custo de uma lavoura de soja, os defensivos representam 23% do custo total da lavoura, em um estudo feito na safra 2009/2010.Conforme dados do Sindag, o "market share" do defensivo falso chega a 9% do mercado nacional. Isso significa que esses produtos movimentaram mais de US$ 540 milhões no ano passado. "O total no mercado chegou a US$ 6 bilhões", disse Marini. A campanha, lançada em 2001, vem colhendo bons frutos: num comparativo entre o primeiro trimestre de 2009 e o deste ano houve uma alta de 71% no número de apreensões de produtos falsificados. De janeiro e março deste ano foram apreendidas 10,95 toneladas de produtos, volume bem acima das 6,4 toneladas retidas no período em 2009. O dirigente ressalta que tem aumentado o número de apreensões de produtos falsificados em detrimento dos contrabandeados: em 2008, 80% das prisões foram de contrabandeados e 20% de falsificados. No ano passado, esse dado fechou em 50%. Além de buscar a redução da comercialização dos produtos falsificados, o sindicato realiza um trabalho de sensibilização dos produtores sobre os prejuízos do uso dessas mercadorias. Para Marini, a maioria dos produtores sabe que está comprando produtos falsos, uma vez que os mesmos são oferecidos sem nota fiscal e sem a receita agronômica. No ano passado, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) fiscalizou 666 marcas de agrotóxicos, do total de 700 que estão no mercado, em 176 estabelecimentos. A operação resultou na apreensão de 606 toneladas de produtos. "O índice de conformidade alcançou 92%. Temos o papel de monitorar a produção, importação e exportação de agrotóxicos e afins e conferir a qualidade desses insumos, por meio de análise laboratorial ou fiscal dos produtos fabricados ou formulados", ressalta o coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins da Secretaria de Defesa Agropecuária, Luís Rangel. As lavouras que mais utilizam agrotóxicos no País são a soja, milho, cana, algodão e citros, com 81,4% do consumo nacional.
(Jornal do Commercio - RS - 27/04)

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