sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Análise correta do solo só traz ganhos, dizem especialistas

Todos os anos, nesta época produtores rurais de grande parte do país estão atentos a uma necessidade de seu negócio. É a análise de solos, um dos itens cujos resultados e indicações, se respeitados, podem contribuir para uma boa produção.
Um dos principais objetivos é avaliar a fertilidade do solo analisado e, a partir disso, recomendar a correção e a adubação corretas para os cultivos.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Manoel Ricardo de Albuquerque Filho, o primeiro passo para uma boa amostra é a separação da área em glebas (ou pequenas áreas) homogêneas. “As glebas são separadas de acordo com suas particularidades, como áreas de várzea, áreas de encosta, áreas mais degradadas ou áreas mais férteis”, explica. Isso para obterem-se amostras representativas do terreno. Mas e em relação à profundidade da coleta no solo? Segundo o pesquisador, que é da área de manejo e conservação de solos, a resposta depende sobretudo da lavoura a ser cultivada e do sistema de plantio adotado.
No caso de culturas anuais, como o milho, a soja e o sorgo, a recomendação é de se coletar uma amostra entre 0 e 20 cm de profundidade e outra entre 20 e 40 cm para áreas com sistema convencional de plantio. “Para o sistema de plantio direto ou de integração lavoura-pecuária, onde não há revolvimento do solo e a adubação é feita em superfície, a amostragem deve ser feita nas profundidades de 0 a 10 cm, 10 a 20 cm e 20 a 40 cm”, afirma Manoel Ricardo. Já no caso de culturas perenes, como café, eucalipto e fruteiras, além destas profundidades, é preciso coletar uma amostra entre 40 e 60 cm.
O pesquisador alerta que a amostra deve ser uniforme e proporcional, ou seja, a mesma quantidade de solo deve ser retirada de todos os intervalos de profundidade. O indicado é fazer, para cada profundidade, 20 coletas em 20 pontos diferentes e aleatórios da gleba, independente do tamanho desta. Todas as 20 coletas de cada profundidade são misturadas num mesmo recipiente e, logo depois, acontece a homogeneização deste material. Com o material misturado / homogeneizado, cerca de 300 g do solo são retirados e acondicionados secos em um saco plástico.
É importante, quando for enviar a amostra para o laboratório, que o produtor a identifique corretamente, inclusive em relação à profundidade e à data da coleta. Portanto, cada profundidade de cada gleba deve ter uma amostra representativa do solo. Agindo desta forma, as informações geradas pela análise serão mais confiáveis e completas.
Informações da análise – Os resultados da análise mostram a condição de fertilidade química do solo, assim como suas condições físicas (textura). “Desta forma, com as informações da análise é possível verificar os teores de matéria orgânica, de nutrientes (como o potássio, o cálcio, o magnésio e o fósforo) e de micronutrientes (como o boro, o cobre, o ferro, o manganês e o zinco) no solo, além de saber a condição de acidez por meio do pH da amostra”, detalha Manoel Ricardo.
No caso da acidez, a análise permite verificar os teores de alumínio e de argila do solo e, com isso, sabe-se a quantidade de calcário a ser aplicada no solo para corrigi-lo. Sobre os outros nutrientes, o resultado da análise permite, junto com tabelas de interpretação, saber se eles estão em quantidade adequada, menor ou maior do que a indicada. Com essa informação, é possível determinar a quantidade de fertilizantes a ser aplicada para se equilibrar, do ponto de vista químico, o solo.
“Uma adubação equilibrada, respaldada por uma boa interpretação da análise do solo, propiciará um ambiente favorável ao crescimento radicular, resultando em maior absorção de água e nutrientes pela planta e em maior produtividade, desde que outras condições ambientais e de manejo cultural sejam oferecidas”, finaliza o pesquisador.
Mais informações podem ser obtidas junto à ACE (Área de Comunicação Empresarial) da Embrapa Milho e Sorgo, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: (31) 3027-1272 ou clenio@cnpms.embrapa.br .
Clenio Araujo
Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)

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